sexta-feira, 7 de março de 2014


Práticas Pedagógicas na Perspectiva Inclusiva da Pessoa Surda – PS

Renecy Neves Ferreira[1]

Na atual conjuntura, precisamos pensar e refletir no enfoque de uma politica nacional de educação especial, na perspectiva inclusiva, que crie caminhos para uma educação de qualidade e para todos em que as pessoas surdas sejam incluídas, estimule suas habilidades e desenvolva seu potencial. Neste enforque, Damázio, 2010, define com clareza que a pessoa com surdez não focar somente nas suas necessidades, mas em suas possibilidades de aprendizagem que:
os processos perceptivos, lingüísticos e cognitivos das pessoas com surdez poderão ser estimulados e desenvolvidos, tornando-as sujeitos capazes, produtivos e constituídos de várias linguagens, com potencialidade para adquirir e desenvolver não somente os processos visuais-gestuais, mas também ler e escrever as línguas em seus entornos e, se desejar, também falar.”
Diante disso, torna-se necessário se pensar e construir práticas pedagógicas que valorize e respeite a cultura e a especificidade do aluno com estratégias de ensino de acordo com necessidade de cada um, e assim romper com escolas com práticas conservadoras  (Damázio,2010) “responsabiliza o sucesso ou o fracasso escolar com base na adoção de uma ou de outra concepção com suas práticas pedagógicas específicas.”
Nestes termos,  nos leva a fazer uma reflexão que o fracasso escolar não está centrado na questão da língua, porém de práticas pedagógicas de qualidades e eficientes que respeitam a cultura e a língua do surdo.  Para tanto, vale ressaltar que a inclusão rompe com o paradigma do conservadorismos das escolas que se fundam na língua oralista[2] e ou gestualista[3] e não focam na pessoa surda como ser com potencial .
Para tanto, dentro deste contexto de escolher uma língua ou outra,  Alves, 2010 ressalta que devemos “pensar e construir uma prática pedagógica que assuma a abordagem bilíngüe e se volte para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez “; uma vez que, as pessoas com surdez são pessoas com pensamento, com capacidade perceptivo-cognitiva, que precisam de ambiente escolar que estimule sua capacidade e potencial para não comprometer o seu desenvolvimento do pensamento, da linguagem e das produção dos sentidos com práticas pedagogicas inclusivas, que veja o ser humano (Damázio, 2010) como um ser dialógico, transformacional, inconcluso, reflexivo, síntese de múltiplas determinações num conjunto de relações sociais, com capacidade de idealizar e de criar.
Dentro de uma proposta inclusiva que colocamos a execução do Atendimento Educacional Especializado (AEE) que destaca-se três momentos didático pedagogico, AEE em Libras. AEE de Libras, AEE de Português,além de disponibiliza serviços e recursos de forma a complementar a formação da Pessoa Surda, visando  à autonomia e à independência social, afetiva, cognitiva e lingüística  na escola e fora dela, Damázio afirma, nesta perspectiva de que tudo se liga a tudo e que o ato de um professor transformar sua prática pedagógica, conectando teoria e prática, a sala de aula comum e o AEE, numa visão complementar, sustenta-se a base do fazer pedagógico desse atendimento.

REFERENCIA:

Alves, Carla Barbosa. A Educação Especial na perspectiva da Inclusão Escolar. Abordagem Bilíngue na Escolarização de Pessoas com Surdez/ Carla Barbosa Alves, Josimário de Paula Ferreira, Mirlene Marcedo Damázio. – Brasilia: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010.

Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo 05: Educação Escolar de Pessoas com Surdez - Atendimento Educacional Especializado em Construção.






[1]        Pedagoga com especialização em Lingua Brasileira de Sinais e Educação
[2]       língua da comunidade ouvinte na modalidade oral.
[3]        mímicas naturais

Um comentário:

  1. ola querida colega Renecy.

    Suas colocações são importantíssimas,uma vez que enquanto professores do Atendimento Educacional Especializado precisamos estar atentos,não só quanto ao nosso papel enquanto educador mas, enquanto instrumentos norteadores da aprendizagem. Para isto precisamos conhecer não só a deficiência de nosso educando mas as práticas pedagógicas adequadas e os recursos que iremos utilizar para a aprendizagem. E no que se refere a surdocegueira e deficiência Múltiplas, temos um leque de recursos que se adequam a ambas. No ato de incluir deve estar implícitos não só estruturas espaciais,estruturais,organizacionais, mas principalmente posturas pedagógicas que atendam não somente as necessidades de nosso alunos especiais,mas a todos os alunos.

    Bjs!

    Delma

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